Arquitetura e mistérios na sede da Rosacruz em Curitiba
Complexo egípcio do Bacacheri abriga a fraternidade mais antiga do mundo
Prédio
da administração: o principal símbolo é a cruz com uma rosa em seu
meio, que representa o desabrochar da consciência por meio das
experiências humanas.
A sociedade, que um dia já foi secreta para se esconder de duras perseguições, completa 60 anos de sua presença no Brasil e hoje é uma organização filosófica que busca transmitir para seus membros conhecimentos místicos sobre os grandes mistérios que cercam a existência humana e o universo, a fim de ajudar no desenvolvimento interior de cada um.
Dependências
no bosque da ordem, com hieróglifos ornamentais e colunas em forma de
papiros, que são a primeira forma de vida que surgiu no mundo, segundo
os egípcios.
A partir do século 17, a ordem, que também remonta aos cavaleiros templários – monges que aprenderam a empunhar espadas para defender Jerusalém – torna pública e oficial sua existência, creditando também algumas filiações de peso a sua história, como Leonardo da Vinci, René Descartes, Teresa de Ávila e Francis Bacon.
Egiptomania
O conjunto arquitetônico da ordem em Curitiba foi levantado no Bacacheri não por qualquer motivo esotérico, mas porque uma pequena cachoeira próxima dali roubou o coração dos representantes da fraternidade que vasculharam o Brasil atrás de um local para receber a instituição. “Aqui foi o lugar mais agradável que encontraram”, conta Marques.
O complexo começou a ser construído em 1956 sob a direção da primeira grande mestre brasileira da fraternidade, a carioca Maria Moura. Construtivamente, segue a alvenaria tradicional. E esteticamente é uma releitura contemporânea de proporções menores da arquitetura egípcia clássica.
O prédio que abriga o templo tem como fachada um pilone: uma porta monumental flanqueada por duas torres em forma de trapézios, que representam as montanhas através das quais o sol nasce. “As colunas papiriformes (que imitam papiros enrolados) são outro símbolo, pois os egípcios acreditavam que as plantas foram a primeira forma de vida criada, já que o mundo, para eles, surgiu de uma grande massa de água”, esmiúça o arqueólogo Moacir Santos, especialista em Egito Antigo. “Em resumo: o templo reproduz o instante em que o universo foi criado.”
As paredes inclinadas também são características da época, quando a técnica construtiva era mais limitada e os engenheiros eram obrigados a adotar esse formato para sustentar os edifícios. “Essas releituras são práticas antigas que começaram com os romanos, quando eles se apropriaram de alguns elementos. Mas a egiptomania ganha fôlego no século 20, quando grandes descobertas arqueológicas motivaram o interesse pelo tema.”
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