_ O que deu a ela?_Dizia a voz mais velha.
_ Rohypnol. Cinquenta miligramas dissolvidos em suco de laranja_ Disse um dos homens vestidos de verde.
_ É o que chamam droga do estupro _Acrescentou uma das mulheres de verde _ Causa extrema, instantânea intoxicação, afrouxamento das inibições, significante redução da coordenação muscular e amnésia transacional.
_ Não estou familiarizado com este último termo._ Disse a voz mais velha, que parecia ter chegado mais perto, ainda que continuasse teimosamente fora do alcance da visão de Megan.
_ A droga atua sobre os neurotransmissores_ Disse o homem de verde, passando um pedaço de papel para a voz_, fazendo com que tudo o que é observado enquanto a pessoa está sob o seu efeito seja visto como irreal, como alucinação. E por isso o cérebro conclui que a experiência tem de ser um sonho. Assim, como na maioria dos sonhos, o cérebro rejeita a memória.
_ Entendo. _ A voz mais velha chegou mais perto._ Mas acho que a droga é antiga.
A mulher de verde tomou o pulso de Megan, que lhe sorriu amavelmente.
_ Foi desenvolvida inicialmente como auxiliar em interrogatórios_ Disse ela._ Algo a meio caminho entre a escopolamina e o LSD. Agora, eu acho, está sendo vendida como tranquilizante na América do Sul.
_ Parece inofensiva, mas dizem que já foi usada para quebrar a vontade de muita gente. _ O homem de verde levantou o que parecia ser uma tira de eletrocardiograma e começou a estudá-la.
_ Por isso é que não bebo nada aqui a não ser que eu mesma prepare_ Riu a mulher de verde.

Trecho extraído do livro NOBODY'S SAFE de RICHARD STEINBERG, traduzido por MARIO MOLINA e publicado no Brasil pela ROCCO.

Fica a pergunta, amigo internauta: E se a substância em questão fosse diluida, paulatinamente, por anos, em reservatórios de água de um país qualquer... poderia, de  alguma forma, interferir através de estímulos dirigidos pela mídia, no inconsciente coletivo da população, gerando novas regras de conduta?